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A propósito da inclusão da estação de São Bento, numa lista das estações mais bonitas do mundo pela edição on line Travel & Leisure, muitos foram os artigos ilustrados com foto do hall principal. Essa é a sala onde mora o motivo de tal distinção, os 22 mil bonitos azulejos de Jorge Colaço.
O projeto de decoração da gare foi adjudicado em 1905 pela quantia de 22 mil réis, considerada muito elevada para a altura. Os painéis, assentados em 1915, representam cenas da história de Portugal, como Egas Moniz perante o rei de Leão, o casamento de D. João I, a conquista de Ceuta, temas de etnografia do Minho e do Douro, figuras simbólicas e, no friso superior, é mesmo retratada a evolução dos transportes.
Os artigos que saíram quase não mostravam os azulejos. Eles são difíceis de fotografar e a Refer também não faz muito para os divulgar. Se existe alguma coisa, como uma brochura ou postais, para vender aos muitos turistas que a procuram, deve ser clandestina.
Aqui fica a fotografia de um painel, na altura do restauro e uma imagem que encontrei na net.
O peão sabe do tempo do verde em contagem decrescente. Mas já agora, porque é que não fica também a saber de quanto tempo tem de vermelho? Não deve ser assim tão difícil.
“Salta à vista igualmente a diferença de investimento nas diferentes regiões: se Lisboa é a que mais absorve dinheiro para actividades culturais, o Norte é também claramente beneficiado quando comparamos com o pouco investimento que há a sul”. Os números são da distribuição do investimento do ministério da Cultura, publicados do dia 7 de Fevereiro pelo jornal Público. Esta leitura esquece a densidade populacional que diferencia o Norte do Sul alentejano e algarvio. Mas esquece mais. Se fizermos as contas de somar, percebemos que a diferença entre Lisboa (38.779742) e o resto do país (40.023350) é de pouco mais de um milhão e 300 mil euros. Os 30 por cento de população que habita na área metropolitana só podem ser mais cultos que o resto de país…
Nesta coisa de “Porto vs Lisboa” há coisas em que ficamos mesmo a perder. Reparem no que é uma central de camionagem na capital, junto à Gare do Oriente, servida por metro , e o que é, no centro do Porto, o miserável Parque das Camélias. Deve ser isto que chamam “um país dois sistemas”.
Parque das Camélias
Gare do Oriente
Parque das Camélias
Gare do Oriente
Hoje fui de automóvel para almoçar na baixa. Na rua do Almada, mesmo nas trazeiras da Trindade encontrei três lugares de estacionamento. Na hora de almoço, no centro da cidade, três lugares vazios. Umas tripas depois, passadas duas horas, ainda havia espaços disponíveis. Estacionei, mas não gostei.
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Poderia ser o belo postal de turismo, a um sábado de manhã, do Porto antigo, embalado pelo andar ronceiro do eléctrico que tenta cavalgar a íngreme Rua de 31 de Janeiro, igreja de Santo Ildefonso. Mas infelizmente era muito mais o retrato da selvajaria. O que levará alguém a estacionar um carro frente à linha de eléctrico? Ignorância? Estupidez? E a polícia, passado mais de meia hora, ainda não tinha comparecido...
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Vencia a distância entre Lisboa e Porto em 4h30 minutos, mas fazia-o em grande estilo, com a sua automotora Fiat, equipada com ar condicionado. Só havia primeira classe, com refeições servidas no lugar e uma equipa de mecânicos para resolver qualquer percalço. Era o Foguete, o comboio que conduziu Humberto Delgado entre Porto e Lisboa e que, por isso, foi crismado Comboio da Liberdade. Com a electrificação da Linha do Norte, parou as máquinas em 1967. Agora que passam os 150 anos do comboio em Portugal, agora que abriram o Museu Nacional Ferroviário, alguém saberá onde pára a carcaça do Foguete, que tem andado por aí aos trambolhões?