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Já tem algum tempo (é uma edição do incontornável ano de 2001) mas é um excelente pretexto para conhecermos a variedade da faiança fabricada no Porto, através do acervo do Museu Nacional Soares dos Reis, entidade responsável pela edição. O livro arranca com uma breve história da faiança em Portugal, mas logo se concentra nas fábricas portuenses, esses nomes tão conhecidos dos nossos avós, mas praticamente desaparecidos do nosso quotidiano como a indústrias de Massarelos, das Devesas, do Carvalhinho, de Miragaia , do Cavaquinho... É uma descoberta ver os frágeis objectos que saíam desses fornos espalhados pela cidade e poder dar nome e razão a muitas das ruínas industriais que ainda subsistem nas cidades de Porto e Gaia.
Na esquina da Avenida da Boavista, com a rua de João de Deus, havia uma farmácia. Vendia soluto de ácido pírico e de clorato de potássio, Gualterina Canfórica, “eficaz nas dores musculares de natureza reumática”, Opodelque (!), laranjada citro-magnésica, xarope iodo-tanico, o elixir dentífrico Sanodol, e os mais familiares óleo de rícino e água de Colónia. A maior parte dos produtos era devidamente preparados no interior do estabelecimento, completamente equipado para as precisas operações de química. Era a “Farmácia da Avenida de J. Alves da Silva”. Hoje, no local onde se encontrava está um prédio novo, que alberga várias empresas, entre elas a agência de notícias Lusa. Uma porta mais adiante, na rua de João de Deus, a descendência mantém a Farmácia Alves da Silva. No seu interior, os proprietários tiveram o precioso bom senso e gosto de conservar muitas das antigas etiquetas, embalagens e aparelhos de uma arte que ajudou a curar muita gente. Dêm uma vista de olhos:
Há um tempo da cidade para escolher. Podem ser as altas rotações dos automóveis, os passos apressados no passeio, o ziguezaguear por entre montras, a solene permanência da empregada de balcão. Ou então este isolamento em terra firme, este ficar no centro, deixando gravitar todos os outros tempos da cidade, conquistado o nosso, preso às letras que desfilam sob os nossos olhos.
Há coisas assim, Sem palavras.
Discretamente (sem que eu o tivesse notado) o porto.ponto chegou ao respeitável número das 50 000 visitas.
Para todos os que amam os carros amarelos este é um site a visitar: http://tram-porto.ernstkers.nl/indexpt.htm. Também convém passar pelo mais oficial http://www.museudocarroelectrico.pt/default.aspx e não devem perder este, descoberto através da Baixa do Porto: http://www.sparvagssallskapet.se/forum/viewtopic.php?f=3&t=5149&p=41619&hilit=portugal#p41619.
O riso é uma arma. Poderosa. Por vezes é um riso amargo, mas o sabor final é de vitória sobre a modorra dos dias vencidos. "A cidade dos que partem", da Palmilha Dentada,
"Alguns dizem que as tripas à moda do Porto surgiram porque as gentes da cidade ofereceram a carne para alimentar os lisboetas no cerco da cidade. Outros dizem que o sacrifício foi em nome da nação que se expandia além fronteiras em naus repletas de tripulações famintas. Outros dizem que é apenas uma má ideia de um mau cozinheiro.
Outros ainda dizem que quando a vida nos dá tripas temos que fazer feijoada. Nós? Dizer, não dizemos nada. Desta vez cantamos. Cantamos a cidade e as tripas. Cantamos as chegadas e as partidas. Cantamos o que somos, o que fomos e o que achamos que somos ou fomos, mas que afinal nunca chegámos a ser. E rimos. Rimos bastante. Em primeiro lugar, rimos de nós mesmos. Depois, rimos dos que nos governam, rimos dos que são governados, rimos dos que vão embora, rimos dos que cá ficaram, rimos dos que sonham e… sonhamos com eles. Portanto, voltamos a rir de nós mesmos."
Teatro da Palmilha Dentada